Andorinhas

Emoção da primeira à última linha. Neste livro Nana Moraes fotografa as almas das mulheres da vida, prostitutas, meretrizes, putas ou Andorinhas.

Em nome de Doroth, mulher guerreira que tive a oportunidade de encontrar em, pelo menos, quatro momentos distintos, saúdo todas as que, como ela, já voaram para bem alto e também  aquelas que ainda estão entre nós.

Conheci Doroth durante uma rebelião no presídio Talavera Bruce. Anos mais tarde, a reencontrei sendo ovacionada no Sambódromo no topo de um carro alegórico que homenageava a heroína capixaba, prostituta Maria Ortiz. Pouco depois, conversamos longamente em uma das madrugadas da Rua Imperatriz Leopoldina, Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro, onde prostitutas encontram seus clientes. Mais um tempo se passou e reencontrei Doroth lutando bravamente, em Fortaleza, contra a exploração sexual de menores.

A hipocrisia, o descaso e a falta de respeito levaram Doroth, a ser abandonada em um leito de hospital público, exatamente pelos que dela deveriam tratar. 

Para Doroth, Bétissa, Simone, Gerenilza, Roseli, as Andorinhas de Nana Moraes, que estão aqui apresentadas de forma tão delicada e ética , meu respeito a vocês e a suas companheiras, mulheres que cedem seus corpos mas não abrem mão de suas almas.

Margarida Pressburguer • Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OABRJ e representante do Brasil no Subcomitê de prevençäo à tortura em locais de privação de liberdade, da ONU.

1º Trilogia DesAmadas / Editora Nau / 2011

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